quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Mente Perigosa - Parte IV

Depois que me sentei, ela enfim levantou a cabeça e fixei meus olhos em sua expressão, era a chance que eu sempre quis ter, poder encará-la olho no olho e tentar desvendar o mistério que ela me mostrava. E surpreendentemente ela simplesmente sorriu. Eu esperava outra reação, que ela fosse sacar uma arma ou algo do tipo pra me executar de cara, no meu primeiro vacilo. Mas não, ela sorriu e começou a rir da minha cara de curiosidade, talvez ela também estivesse esperando medo da minha parte e não curiosidade.
" - Estou assustando você? ", ela disse em meio as gargalhadas suaves e discretas.
Eu engoli seco, e respondi: "- Não, mas estou surpresa com a sua visita, Analua". Nesse momento eu queria parecer séria, com minha inútil tentativa de fazê-la sentir medo de mim.
Eu procurava pelo medo que havia sentido quando abri a porta, mas não o encontrava, era apenas um momento incrível, diante da milher que tentou me matar e eu nem sequer tremia, eu não perdi a voz como de costume. Era ela, com todo seu explendor me encarando e achando graça dessa minha reação. Ela tomou mais um gole do meu uísque e começou a falar:
" - Sabe, aquela noite eu não tinha intenção de matar você, era só pra dar um susto, só pra que você não visse o que todas essas pessoas não poderiam ver. Você teve sorte, viu e não morreu. Eu não teria feito o mesmo com elas, mas algo em você me deixou com ... pena. É, pena é uma boa palavra. Você me pareceu ser esperta demais, mais esperta que esses puxa-sacos escandalosos e invejosos, você teve chance comigo, sortuda. "
Pronto! Achei o medo que estava procurando, ela realmente disse que iria matar outra pessoa que estivesse no meu lugar? E que eu era sortuda? Não, eu precisava acordar. Junto com o medo veio aquela consequência drástica e irritante: eu perdi a voz e as palavras sumiram diante de mim, em segundos.
" - Quero ser bem sincera com você, andei a vigiando durante esses dias e você não contou a absolutamente ninguém o que viu aquela noite, confio em você e acho que tem o direito de saber oq ue realmente aconteceu, por você ser mais esperta, você merece saber a verdade. Os outros são idiotas demais pra entender. Como você já deve ter raciocinado, eu virei amante do prefeito. Mais um bobo, um otário que não resiste a uma cruzada de perna e jogada de cabelo, eu cheguei a pensar que com ele seria difícil, já tinha ouvido falar da sua fama de 'certinho' .
Me aproximar dele foi muito fácil, além da minha forma natural de chamar atenção, essa cidade tem os cúmplices perfeitos, mesmo sem saber de nada, eles acabaram me ajudando a cometer o crime mais brilhante que já se ouviu falar por aqui."
Bem, ela sabia bem o que estava fazendo, mas o meu medo era se ela não iria se arrepender depois. Ela poderia me contar a história toda e depois me matar, seria um desabafo e a última etapa do crime, certo?
" - Bastou uma ida ao gabinete, fazer cara de ingênua e ele caiu na rede! HAHAH! Depois daí era só manter uma relação estável e envolvê-lo na história, a cobaia perfeita. Uma mulher sensual sabe conseguir o que quiser, basta ser inteligente. Eu fiz charme, cedi de um lado e bloqueei o outro e o convenci a se afundar sozinho. Ele foi até a casa do irmão, que deu a chave do banco, da sua sala pessoal, onde ficavam os computadores com todas as informações importantes e pra mim, essenciais. Fomos até lá pra uma aventura, eu fui até boazinha em lhe proporcionar esse momento, ele estava tão feliz. Bo-bi-nho. O mais fácil estava por vir, havia adquirido alguns truques de economia com um antigo parceiro e bastavam alguns cliques pra mover dinheiro pra qualquer conta, era só ter o número certo. Depois da'diversão' com o prefeito, eu coloquei um remedinho do sono no seu drink e ele dormiu como um anjo. Fiz o que me deu na telha em meio àquelas contas recheadas, movi para minha conta preparada já para isso, desliguei tudo, apaguei as digitais, vesti a roupa e saí. Brilhante, não? "
(continua)

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